-Que é que estás a fazer aqui? Este é o meu caminho.
-E não posso andar nele?
-Não, escolheste não o fazer há muito, e ensinaste-me nessa altura que temos de viver com as nossas escolhas, que não há volta, que as pessoas não mudam.
-Eu não disse nada disso.
-Curiosa a tua capacidade de dizeres e desdizeres quando te convém.
-Não posso então andar no teu caminho? E tu, queres andar no meu?
-Nem penses...no teu caminho há muitas coisas corrompidas, destorcidas, e andar lá é significar nada no meio do resto. Não há lugar no teu caminho para mim, não um lugar que eu quisesse, não gosto de estar diluído, de ser como tudo o resto, ou menos.
-Tal como eu no teu...
-Não, o meu caminho foi feito para mim e para ti. Agora tenho feito arranjos, agora que o negaste por completo. Tenho-o adaptado só para mim e para as pessoas que andam por perto dele. Tirei as tuas fontes, ninguém as usaria sabendo que eram tuas, cortei as árvores que gostavas porque ainda tinham o teu nome escrito na casca, e não queria que ninguém perguntasse quem eras...
-Oi.
-Olá.
-SAI DAQUI!!! JÁ!!!
-Calma, rapaz...não te lembras de mim? Sou o...
-Cala-te!!! Não quero saber o teu nome. Não é como te chamas que interessa, mas sim o que tens lá dentro, e se é disso que falas...então não te conheço, não me lembro de ti, nem quero! No meu caminho a aparência das pessoas muda com o interior, portanto mesmo que nos tenhamos conhecido, mudaste desde lá, e não és bem-vindo aqui.
-Então eu não mudei assim tanto como dizes.
-Conheci-te pelos olhos, mas também estás mudada, é por isso que não te quero aqui...mas onde é que eu ia? Ah...os arranjos...só a casa no fundo do caminho é que continua com o teu cheiro nos lençóis da cama, por muito que os mude. A queda de água ainda sabe ao teu suor e ainda corre vermelha do teu sangue ao longo do trilho que leva ao início do teu caminho, onde nos encontrámos pela primeira vez...não quero mais nada teu aqui. A não ser que voltes ao início, caminhes pelo trilho e entres pelo meu caminho. E mesmo assim...ainda terias de me encontrar.
domingo, 9 de dezembro de 2007
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